A angústia da escolha na orientação profissional

Direito? Engenharia? Biologia? Medicina? Psicologia? Qual me trará mais dinheiro? Consigo fazer a escolha certa?

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Chegou o primeiro dia de aula, último ano do Ensino Médio! E agora? É hora de decidir. Direito? Engenharia? Biologia? Medicina? Psicologia? Qual me trará mais dinheiro? Consigo fazer a escolha certa? E se eu decepcionar meus pais?

Estas são algumas das muitas indagações dos adolescentes, carregadas de expectativas e ansiedade, ao se deparar com a necessidade de fazer uma escolha profissional. A pressão exercida por uma sociedade globalizada, determinando respostas imediatas, somada à falta de conhecimento e preparo quanto às profissões e o mercado de trabalho, intensificam esses sentimentos e causam sofrimento e até mesmo transtornos psicológicos.

A escolha profissional coincide com um período de transição da vida, marcada por intensas crises e mudanças, inerentes à adolescência. São alterações ligadas ao corpo e a sexualidade, resultado de transformações hormonais, até mudanças comportamentais de diferenciação e identificação com grupos sociais, sendo necessário compreender essa fase da vida, considerando o contexto social, cultural, econômico e histórico em que estão inseridos. Lembrando que, mesmo a família se confunde nesse processo de transição. Os adolescentes, ora são tratados como crianças, ora são cobrados como adultos.

Assim, ao pensar na escolha e, consequentemente, no ENEM e vestibulares, a maioria deles demonstra sentimentos que vão desde uma simples preocupação até um intenso pavor e angústia.

Ao ter que decidir o que vai ser “para o resto da vida”, repletos de angústia, muitos adolescentes acabam fazendo escolhas apoiadas em rótulos ou representações distorcidas da profissão. Existem aqueles que, ao contrário, reagem com tranquilidade, que nada mais é do que um mecanismo de defesa em relação a angústia causada pelo momento. Em meio a isso, há também a falta de apoio da família, relatada por eles, justificando que não querem interferir na escolha, contudo, os pais também passam dificuldades em suportar esse momento de ansiedade dos filhos.

A influência familiar, midiática, social e econômica estão presentes e são muito relevantes na decisão do adolescente. Muitas decisões são fundamentadas somente pelo retorno financeiro, deixando em segundo plano, a satisfação pessoal. Outros, cheios de dúvidas, acabam por escolher a carreira dos pais ou simplesmente, atende as expectativas deles, os sonhos não realizados por eles. Diante de tantos conflitos, do medo de errar ou de não atingir as expectativas dos pais, acabam cedendo às sugestões familiares, sem uma análise do contexto real da profissão.

Assim, nessa fase, a colaboração dos pais, educadores e psicólogos no esclarecimento das dúvidas, organização das informações relacionadas ao mundo do trabalho, é fundamental. Levando em conta, o jovem, suas características pessoais, incluindo habilidades, aptidões e valores.

No ambiente do trabalho se desenvolve um relevante marco na vida do ser humano e é deste ambiente que surgem as relações afetivas, as descobertas advindas dos sucessos e frustrações que levam ao crescimento pessoal do sujeito. Nesse sentido, é importantíssimo o autoconhecimento, além da necessidade de que o adolescente transcenda o significado de trabalho, como um simples cumprimento de tarefas fixadas. Se não, qual seria o sentido de fazer uma escolha?

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12/2019

Roberta S. Rocha Dias
Roberta S. Rocha Dias